"Carta desesperada" de Mario Quintana

Como é dificil, como é dificil, Beatriz, escriver uma carta...
Antes escrever os Lusiadas!
Com uma carta pode acontecer
Que qualquer mentira venha a ser verdade...
Olha! O melhor é te descrever, simplesmente,
A paisagem,
Descrever sem nenhuma imagem, nenhuma...
Cada coisa é ela própria a su maravilhosa imagem!
Agora mesmo parou de chover.
Não passa ninguém. Apenas
Um gato
Atravessa a rua
Como nos tempos quase imemoriais
Do cinema silencioso...
Sabes, Beatriz? Eu vou morrer!

Mario Quintana (Apontamentos de História Sobrenatural, 1976)


Carta desesperada

Qué difícil, qué difícil es, Beatriz, escribir una carta...
¡Mejor escribir Os Lusiadas!
Con una carta puede ocurrir
Que cualquier mentira llegue a ser verdad...
¡Mira! Lo mejor es describirte, simplemente,
El paisaje,
Describirlo sin ninguna imagen, ninguna...
¡Cada cosa es en si misma su maravillosa imagen!
Ahora mismo dejó de llover.
No pasa nadie. Sólo
Un gato
Atraviesa la calle
Como en los tiempos casi inmemoriales
Del cine mudo...
¿Sabes, Beatriz? ¡Yo voy a morir!

Mario Quintana (Apontamentos de História Sobrenatural, 1976)
(Versión de Pedro Casas Serra)