jueves, 4 de septiembre de 2014

"Languidez", de Florbela Espanca ("Livro de Mágoas", 1919)


Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza de açucenas,
Tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de Portugal, as tardes de Anto,

Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!

Fecho as pálpebras rosas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...

FLORBELA ESPANCA (De Livro de Mágoas, 1919)



LANGUIDEZ

Tardes las de mi tierra, dulce encanto,
Tardes de una pureza de azucenas,
Tardes de sueño, tardes de novenas,
Tardes de Portugal, tardes de Anto,

¡Cómo os quiero y adoro! ¡Tanto! ¡Tanto!
¡Horas benditas, leves como penas,
Horas de humo y ceniza, horas serenas,
Mis horas de dolor en que soy santo!

Cierro párpados rosas, pizpiretas,
Que posan suaves sobre dos violetas,
Alas leves cansadas de volar...

¡Y mi boca tiene unos besos mudos...
Y mis manos, cual pálidos velludos,
Trazan gestos de sueño en su agitar...

FLORBELA ESPANCA (De Livro de Mágoas, 1919)
(Versión de Pedro Casas Serra)

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