lunes, 20 de octubre de 2014

"O siléncio", de Mario Quintana (A Cor do Invisível, 1989)

O mundo, às vezes, fica-me tão insignificativo
Como um filme que houvesse perdido de repente o som.
Vejo homens, mulheres: peixes abrindo e fechando a boca num aquário
Ou multidões: macacos pula-pulando nas arquubancadas dos estádios...
Mas o mais triste é essa tristeza toda colorida dos carnavais
Como a maquilagem das velhas prostitutas fazendo trottoir.
Às vezes eu penso que já fui um dia um rei, imóvel no seu palanque,
Obrigado a ficar olhando
Intermináveis desfiles, torneios, procissões, tudo isso...
Oh! Decididamente o meu reino não é deste mundo!
Nem do outro...

Mario Quintana (A Cor do Invisível, 1989)



EL SILENCIO

El mundo, a veces, me resulta tan falto de sentido
Como una película que hubiera perdido de golpe el sonido.
Veo hombres, mujeres: peces abriendo y cerrando la boca en un acuario
O multitudes: monos saltando en los gradas de los estadios...
Pero lo más triste es esa tristeza tan coloreada de los carnavales
Como el maquillaje de las viejas prostitutas haciendo la calle.
A veces pienso que ya fui un día rey, inmóvil en su estrado,
Obligado a seguir mirando
Interminables desfiles, torneos, procesiones, todo eso...
¡Oh! ¡Decididamente mi reino no es de este mundo!
Ni del otro...

Mario Quintana (A Cor do Invisível, 1989)
(Versión de Pedro Casas Serra)

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