sábado, 1 de noviembre de 2014

"Maquinações da insônia", de Mario Quintana (A Cor do Invisível, 1989)

Maquinações da insônia

Na meia-noite da memória
O relógio de meu pai
Abre-se ao meio como um fruto
O pince-nez de Tia Élida
Com seu frágil brilho de prata
Anula-se...
Suspiro: a menina aquela
A menina que eu mais gostava
Tinha uns olhos cor-de-cinza...
Onde andará seu fantasminha?
Tudo agora se enevoa... Fim?
Mas de repente, ó Adalgisa,
Ressuscitas-me!
Oh! A menininha...
A tia...
O relógio de meu pai...
E a minha mão como um polvo
Na tua vulva convulsa!

Mario Quintana (A Cor do Invisível, 1989)


MAQUINACIONES DEL INSOMNIO

En la medianoche de la memoria
El reloj de mi padre
Se abre por la mitad como un fruto
Los quevedos de tía Élida
Con su frágil brillo de plata
Se esfuman...
Suspiro: aquella niña
La niña que a mí más me gustaba
Tenía unos ojos color ceniza...
¿Dónde andará su fantasmita?
Todo ahora se aniebla... ¿Fin?
Pero de repente, ¡oh, Adalgisa,
Me resucitas!
¡Oh! La niñita...
La tía...
El reloj de mi padre...
¡Y mi mano como un pulso
En tu vulva convulsa!

Mario Quintana (A Cor do Invisível, 1989)

No hay comentarios:

Publicar un comentario