martes, 29 de septiembre de 2015

“O SABER ESCASSO” de Thiago de Mello (De Narciso cego, 1952)

O SABER ESCASSO

Pouco sabem as flores que de novo
ressurgem neste campo: não percebem
que alguém de longa e loura cabeleira
já não passeia pela verde alfombra,
e que entre as mãos que agora vão colhê-las
estão ausentes duas muito pálidas.

Ignorantes, porém, mais do que as flores,
nós o somos: jamais compreenderemos
porque esse deus eternamente oculto
ressuscita defuntas primaveras,
mas não desperta a moça que hoje dorme
na planície sem cor da deslembrança.
Thiago de Mello ( Narciso cego, 1952))
 
El SABER ESCASO

Poco saben las flores que de nuevo
brotan en este campo: no perciben
que alguien de larga y rubia cabellera
ya no pasea por la verde alfombra,
y que entre las manos que van a cogerlas
faltan dos muy pálidas.

Aún más ignorantes que las flores,
nosotros: jamás comprenderemos
porque ese dios eternamente oculto
resucita difuntas primaveras,
pero no despierta a la que hoy duerme
en la llanura del olvido.
 Thiago de Mello
(Versión de Pedro Casas Serra)

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