viernes, 24 de junio de 2016

“SEGUNDO MOTIVO DA ROSA” de Cecilia Meireles (De Mar Absoluto, 1945)

SEGUNDO MOTIVO DA ROSA

A Mário de Andrade


Por mais que te celebre, não me escutas,
embora em forma e nácar te assemelhes
à concha soante, à musical orelha
que grava o mar nas íntimas volutas.

Deponho-te em cristal, defronte a espelhos,
sem eco de cisternas ou de grutas...
Ausências e cegueiras absolutas
ofereces às vespas e às abelhas.

E a quem te adora, ò surda e silenciosa,
e cega e bela e interminável rosa,
que em tempo e aroma e verso te transmutas!

Sem terra nem estrelas brilhas, presa
a meu sonho, insensível à beleza
que és e não sabes, porque não me escutas...

Cecilia Meireles (in Mar Absoluto, 1945)


SEGUNDO MOTIVO DE LA ROSA

A Mário de Andrade

Por más que te celebre, no me escuchas,
aunque en la forma y nácar te asemejes
a una concha sonora, arpada oreja
que graba el mar en íntimas volutas.

Depóngote en cristal, frente al espejos 
sin eco de cisternas o de grutas...
Ausencias y cegueras absolutas
brindas a las avispas, las abejas.

¡Y a quien te adora. oh sorda y silenciosa,
y ciega, bella e interminable rosa,
que en tiempo, aroma y verso te transmutas!

Sin tierra y sin estrellas brillas, presa
en mi sueño, insensible a la belleza
que lo es sin saber, pues no me escuchas...

Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)

No hay comentarios:

Publicar un comentario